Tag: Planejamento Estratégico

Princípios, Prioridades, Organização e Planejamento: Você e a Empresa, Lado-a-Lado

Não sei se vocês já ouviram falar em David Allen, grande especialista em produtividade, desenvolvedor de meios eficazes de gerenciamento do tempo. Pois bem: eu estava conversando com um colega de mercado a respeito da Someday Maybe List, ou seja, a “Lista das Coisas que eu Quero e que Talvez eu Irei Fazer”, método criado por David Allen para separar coisas que desejamos realizar, mas que não temos certeza se iremos fazer a curto ou médio prazo. Neste sentido, refere-se a um modo de priorizarmos nossas atividades de curto, médio e longo prazo, e, mais especificamente, nossos projetos pessoais, separando-os entre aqueles que eu preciso começar imediatamente, daqueles que poderão esperar mais um pouco, neste segundo caso, a Maybe List. Resumindo: é uma forma de não poluirmos nossa lista de atividades realmente prioritárias.

Com o passar do tempo, a Someday Maybe List tende a aumentar, exigindo divisões em capítulos.

Acredito que não seja isto que cada um de nós desejaria, não é mesmo? Se temos uma lista de coisas que queremos fazer, imaginamos que a tendência desta lista é ir se reduzindo, a medida que conseguimos concretizar nossas metas. Mas por que motivo isto não ocorre? Por que motivo a lista aumenta com o tempo, em vez de diminuir? Teria a ver com o fato de não estarmos realizando o que gostaríamos, somado ao fato de acabarmos inserindo mais e mais atividades, como forma de compensar nosso teórico “fracasso de planejamento”? Talvez até tenha um pouco a ver com isto; às vezes, tem a ver com isto, sim.

A causa principal, na verdade, é que as pessoas tem muita dificuldade de estabelecer o que realmente querem como metas de vida, e, principalmente, dificuldade para estabelecer o real valor de cada uma dessas metas. Isto ocorre porque muitas vezes lhes faltam sentido na vida e clareza quanto aos esforços que realmente contribuem de forma positiva para tal sentido. E, para piorar, não conseguem integrar suas conquistas de curto prazo como sendo subprodutos que fortalecem cada vez mais a base para atingir com maior qualidade e facilidade suas metas de médio e de longo prazo.

A Someday Maybe List pode ser vista como um ótimo método para nos organizarmos e não perdermos foco. Porém, como já enfatizei, o que eu e este meu colega de mercado sabemos na prática sobre este método é que há algo subtendido nisso tudo, de importância maior, qual seja: não devemos nos debruçar demais sobre as atividades em si, mas nos objetivos que realmente queremos atingir. Isto pode parecer meio óbvio, mas é muito comum a perda de foco a medida que lista de atividades se estende. Isto ocorre pelo fato de haver um entrelaçamento (interconexão) entre os “porquês/razão” de cada atividade, com o agravante de não termos a preocupação de mapear essas interconexões em torno dos objetivos principais. Se tivermos os objetivos muito bem traçados, as atividades que queremos executar farão mais sentido – algumas atividades, inclusive, sumirão, outras surgirão –, pois estarão realmente agregando valor aos resultados finais que almejamos. Interessante: é exatamente assim que desenvolvemos discussão em torno de Objetivos Estratégicos nas empresas, em seus Mapas Estratégicos, estabelecendo objetivos operacionais que darão sustentação a esses objetivos estratégicos, através dos processos existentes no próprio negócio. E os desempenhos poderão ser medidos em torno desses objetivos, quanto mais sinérgicos estes últimos forem em relação aos processos.

Muito importante: devemos desdobrar ao máximo nossas atividades, para sabermos aonde queremos chegar com elas; principalmente, sabermos distinguir o que são objetivos primários e objetivos secundários, ou seja, o que serão resultados parciais e o que serão, efetivamente, os resultados finais que queremos atingir. Com o tempo e maturidade, passamos deste cenário de “resultados finais”, para o conceito de “melhoria contínua” e uma visão, quem sabe, ao estilo Zen, sob o qual tendemos a não nos preocuparmos com um “resultado final” e passarmos a visualizar tudo como um ciclo constante de renovação de metas, ações e resultados esperados, com a empresa e as pessoas em meio a esta cultura…mas…um passo de cada vez, não é mesmo?

Concluindo: muitos não chegam a atingir seus principais objetivos, pois os confundem com objetivos intermediários. Ou seja, sem entenderem o porquê, tenderão a parar no meio do caminho. Há método para resolvermos esta situação, seja no desenrolar do planejamento estratégico de qualquer empresa, seja para qualquer indivíduo. Cuidem disso.